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Os amores de Pedro e Inês

Corriam mansamente as águas do Mondego entre margens verdejantes e campos edílicos, chilreavam aves canoras e corações apaixonados deleitavam-se no frescor da manhã. Poetas recebiam inspiração: Mondego que é dos meus amores que nas tuas margens deixei…”.

Bela era a jovem que placidamente passeava nos jardins do Paço, os seus pensamentos voavam céleres para o seu amado, Pedro, o infante de Portugal e filho de el-rei D. Afonso, quarto de nome e Bravo de cognome pelas suas qualidades de homem de armas e sagaz comandante. Mas nuvens negras pairavam sobre os sonhos de menina e moça; para além da paixão e do coração, subsistiam a política e a perfídia. Longos eram os braços da política, meandros insondáveis que à alma pura negam a razão!

Castela e Leão não abdicavam de unir à sua coroa a coroa de Portugal, no entanto, opunha-se a vontade e o querer indómito de um povo que prezava acima de tudo a sua independência herdada de seus egrégios avós. Movimentava-se o polvo da política e os seus braços envolveram Inês que tomada de amores dera a Pedro quatro rebentos dos quais um partira.


Era Pedro, viúvo de Constança, da qual Inês fora aia, e neste estado confrontou o velho rei e pai rejeitando a sua vontade de o casar de novo e tomou Inês para o seu lar. Vitupério clamava a nobreza, galega gritava a arraia-miúda. El-rei Afonso enredado nas malhas da trama que se gerava entre a família de Inês e os nobres de Leão e Castela e de Portugal, seguiu o aviso de seus conselheiros e mandou matar a bela Inês enquanto Pedro estava ausente, cruel ato de mentes frias, indigno de amantes e de bem-querer.

Triste estava Afonso de tal ato, movido por razões de estado, irado estava Pedro que seu amor lhe fora tomado. Quando Pedro ascendeu ao trono, perseguiu e matou cruelmente os algozes de sua amada, ação que lhe valeu o cognome de Cruel ou Justiceiro.

Em cerimónia tétrica coroou Inês de Castro rainha de Portugal e obrigou a sua corte a beijar a mão descarnada de seus amores no ato de beija-mão que só à realeza é devida, passando e inclinando a fronte diante dos seus restos mortais; assim reza a lenda que de avós para avós, de voz para voz, perdura no tempo…

Foi depois sepultada em belo túmulo de pedra no mosteiro de Alcobaça, onde repousa ao lado de seu amado, el-rei D. Pedro, as suas faces de pedra contemplam-se para sempre. Assim foi criado o episódio mais trágico e comovente, mas vero, da História de Portugal, tão bem cantado e imortalizado por Luís de Camões nos Lusíadas, canto III, 120-136; Inês de Castro a que depois de morta foi rainha.


Romântica lenda que perdura nas tradições e lendas de Portugal!


Alma Lusa

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